Ektachrome

Carregar uma Fujica GW690 com Ektachrome tem destas coisas. Não consigo acompanhar o foco, há que evitar mexer a câmara, e fácil fácil, é errar a exposição.
Pois ainda bem. Tinha saudades.
O filme é difícil de encontrar, gasta-se uma pipa de massa a comprar os rolos e a revelá-los. Cada fotografia dói. É assim que deveria ser. Acho que vou andar uns tempos por aqui.

3 comentários:

Anónimo disse...

E a Fújia Gw90 com Ektachrome de que se tinha saudades traz-me também à memória o passado das coisas que eram de outra forma. E assim temos, o "quarto escuro", o "banho sensível", a "película reveladora" que se ligam a "luz", "reflex", "objectiva" … Juntando as palavras num processo dinâmico temos, uma "objectiva" que incorporada numa máquina, objectiva a natureza que nela se reflecte por intermédio da luz. O que se objectiva é o que sai do todo, se distingue, logo parece deixar de existir em estado de fusão com todas as partes visto que objectivar parece evocar a ideia de separação, condição necessária para que se deseje possuir porque não se tem ou não se é, mas também é necessário objectivar para que haja um certo arrefecimento e se compreenda na distancia. Por outro lado, "quarto escuro", "banho sensível" e "película reveladora" parecem aludir a uma qualquer forma de magia e metamorfose. O que do mundo se apanha (sem este se deixar corromper porque segue em sucessivas mudanças), mergulha numa noite que é uma espécie de um útero (não dá logo para ver como ficou) para logo se revelar, ao abandonar o escuro onde se gerou e vir à luz, mas sendo já outro, visto que nada é igual ao que era há uns momentos atrás e porque a fotografia no final de contas,acaba por não ser "cópia do real" ou espelhismo frio pois o modo de "escrever com luz" é diferente de individuo para individuo, embora seja da realidade visível dos fenómenos que depende. Agora com o digital, isto ainda acontece? Creio que sim, mas de outro modo. Agora tudo poderá parecer mais superficial, menos encantador, mais fácil e por isso "doer" menos e assim ter menos valor…Mas se formos ver bem, continua tudo lá, só que este processo é menos explicito e ser um bom fotografo continua a não ser tarefa fácil, continua a exige perícia, domínio técnico, sensibilidade, paixão e inteligência e uma atitude de amante e de cientistas num cruzamento de frios e de quentes.


Ficou menos focada, com menos recorte. Mas que liberdade, assumi-la tremula, porque é sua e não precisa ser para ninguém.

Paulo S. Carvalho disse...

Passei de um mundo da busca pela perfeição, da escala completa dos cinzentos... do preto profundo e fugindo dos brancos rapados... da redução do grão e da mais fina acutância... para um mundo onde isso é automaticamente e facilmente adquirido. Agora busca-se a inspiração.
Antes pegava na máquina quando a sentia.
Agora, ando com a máquina, à busca dela. Não a sinto. Por vezes aparece sem avisar.

Não há melhor ou pior.

Há tempo que se vai. Há tempos de que tenho saudade. Há tempos que há muito tempo espero.

Anónimo disse...

É isso!