Uma viagem a Casa Branca

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei se o impacto que esta fotografia me causa é devido ao referente da imagem que olha jovem o mundo a ser varrido no movimento, se é o enquadramento, se é a luz , se é da Fujia Gw90 com Ektachrom que faz outras coisas, se é o despertar repentino da minha paixão pelas viagens, ou pela grande viagem sem fim… Talvez seja um pouco de tudo isto. De qualquer modo, apetecia-me ir naquele comboio. Não sei se no comboio se nos olhos da criança no comboio, no amanhecer da vida, para já não falar do hálito que esta fotografia me trás da minha infância quando dormia em casa dos tios que viviam noutra cidade e ouvia à noite o som dos comboios a passar. Era uma emoção estranha. Tinha vontade de partir e ser bailarina. Tive agora a mesma sensação, mas neste caso não foi com o som, mas com a imagem. Isto tudo, traz-me também à memória uma passagem de Agostinho da Silva nas "Sete carta a um jovem filósofo":



"...embarcar, embarcar sempre, acreditando cada vez menos nos portos de chegada"; "não me tentam nada as estradas que vão de um porto a outro, de que sabemos à partida a quilometragem e a direcção; tentam-me as estradas que não vão dar a nenhum ponto"; "embarcar num navio que nunca chegará, rumar por mapa e bússola ou goniómetro para o porto que não existe"...