José

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto de personagens recorrentes que nunca perdem o encanto. Eles desafiam a imaginação, mais parecem personagens de um conto latente que talvez fique sempre por contar, enquanto que as séries são os poemas que ficarão por dizer numa vida antes da acção realista do sol.

José é diferente. Só ainda lhe conhecemos o olhar completamente alheio à câmara, quase sempre de costas ou de perfil, entretido com o infinito. Até mesmo quando está na relva com a Princesa, também ela aberta ao espaço livre e iluminado, numa existência total no presente, está assim como se o dentro fosse fora, ele e a paisagem, elepaisagem, ainda atento, por vezes meio deslumbrado ou meio fechado, já não sei. O arrepio que trespassa a garota do outro lado do mundo nessa da "Felicidade" da série My Daughter and I, e da "Viagem a Casa Branca" em que esta fotografia parece ser a continuação, é semelhante.

E a vida continua numa viagem sem fim e é tudo varrido no movimento. Acordamos numa paragem e adormecemos na outra a seguir, o clima muda a cada momento e os dias nunca são iguais. Eles são imagem e são vento, aparências desaparecidas e recorrentes.

O que digo não tem qualquer pretensão de coincidir com a " vida tal com ela é". Não estou a adivinhar nada. Sou livre para inventar. Quando se inventa, não há pretensões. E talvez a fotografia tenha esta virtude da abertura por intermédio da qual se poder falar do que se desconhece. Talvez a forma como olhe as séries que para mim têm peso e seriedade, seja um tanto diferente destas onde o olhar vai logo para o referente. Contudo, acaba por ser interessante como alguém que se interessa por fotografia de um modo mais, "artístico" ( não sei se é o termo certo,pelo menos não gosto do termo) consiga ainda assim, fotografar aqueles que lhe são próximos.Fica a saber apenas em parte, o que aquilo que lança aos olhos do mundo suscita, uma vez que existe um espaço para comentários que ainda bem que não é daqueles "caretas" que exigem controlo, identificação e B.I!Estamos na web, noutro mundo, portanto, não faz falta a identificação.

De qualquer modo, ando com medo de escrever, de tocar onde não devo, de partir peças de vidro, de manchar os espelhos, de deixar manchas no chão…Tenho medo de mim.

Saiu mais uma vez longo!